Lembro-me muito bem de uma passagem que ocorreu na Escola Estadual “Castro Alves”, hoje “Padre José de Carvalho” - São Paulo, Capital, quando lecionava para alunos do curso noturno.
Era por volta do ano de 1970 e um dos nossos alunos era o Sr. Antonio. Isso mesmo, eu o chamava de Sr. Antonio porque era um Sr. com quase cinquenta anos de idade e eu tinha apenas vinte e sete. Ele trabalhava para a prefeitura da capital como gari e seu objetivo era alcançar o cargo de chefia. Para isso, necessitava ter o primeiro grau completo.
Como havia retomado os estudos com essa idade avançada, apresentava muitas dificuldades para acompanhar o desenvolvimento dos seus colegas mais jovens. Assim sendo, o seu aproveitamento, de uma maneira geral, deixava a desejar tendo em vista o objetivo traçado para a sua turma.
Como a sua prática nesse trabalho era de mais de vinte anos, o mais importante era adquirir os conhecimentos necessários das oito primeiras séries para que pudesse ser promovido a chefe dos garis.
Porém, alguns dos nossos colegas não abriam mão das exigências que faziam a todos os alunos, indistintamente. Assim, no final da oitava série três deles estavam propensos a reprová-lo, pois ele não havia conseguido a média necessária para a aprovação.
No conselho de classe final, durante a troca de idéias, procuramos mostrar aos companheiros o objetivo do Sr. Antonio que era o de cumprir as exigências legais (documentos) para a sua promoção, já que na prática ele desempenhava o papel de chefe da equipe e que não pretendia seguir estudando as séries do segundo grau (hoje ensino médio).
Convencidos disso, os companheiros deram mais uma oportunidade permitindo que o Sr. Antonio realizasse alguns trabalhos para o cumprimento das exigências da sua aprovação. Assim, ele pode ser promovido e recebeu a sua certificação.
Já imaginaram se os meus colegas não tivessem se sensibilizado e reprovassem o Sr. Antonio por falta de alguns conhecimentos que ele jamais iria usar na sua vida profissional?
Não podemos nos esquecer de que o adulto tem melhores condições de aprender desde que suas aspirações e expectativas sejam atendidas. Para tanto é preciso despertar-lhe motivação.
Assim sendo, podemos afirmar que Andragogia é a ciência que tem por finalidade facilitar a educação de adultos.
Etimologicamente a palavra Andragogia é formada do grego Andrós (homem) e Ágo (conduzir).
Difere, por aspectos metodológicos, da Pedagogia que consiste em orientar a educação de crianças e jovens.
Enquanto a Pedagogia ensina (instrui) as crianças a aprender, a Andragogia auxilia (ajuda, facilita) os adultos a aprender.
Através de procedimentos andragógicos mais se evidencia que o professor não ensina os adultos, mas ajuda-os a aprender.
Assim sendo, podemos afirmar que os adultos devem estar motivados para aprender baseados nas suas próprias experiências, necessidades e interesses.
Levando em consideração de que a educação de adultos é uma aprendizagem centrada na vida, podemos entender que a programação a ser desenvolvida não deve ser pré-determinada.
O docente com preparo andragógico apresenta mais condições de ajudar os adultos a diagnosticar as suas próprias necessidades de aprendizagem e, para saber criar condições que o motivem a aprender.
O planejamento do trabalho deve ser feito com eles, para certeza de que produzirão os resultados desejados.
Ao selecionar métodos e técnicas eficientes para o desenvolvimento do seu trabalho não pode se esquecer de fornecer os recursos (humanos e materiais) necessários...
(o capítulo completo pode ser visto no meu livro: A Arte de Ensinar e Aprender da Editora Mundomirim)
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