quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

SER MESTRE...A SUPREMA CONQUISTA



Prof. Darbí José Alexandre

Certa vez, acompanhei o trabalho incansável de uma professora especializada em ensinar crianças deficientes mentais. Por mais de duas semanas, ela dedicou todo o seu tempo profissional para ensinar uma daquelas crianças a vestir o calção. Vocês não podem imaginar a satisfação dela quando a criança demonstrou que sabia fazê-lo sozinha, que havia aprendido.
Costumava dizer aos meus colegas de trabalho que a escola se assemelha a um corpo no qual o diretor e seus assessores são a “cabeça”, os funcionários da secretaria “o coração” e os professores e os demais funcionários são “os braços e as pernas”, pois são eles que dão os movimentos a esse corpo. E então perguntava: e os alunos o que representam?
Nesse corpo tão importante que é a escola, os alunos são a “alma” E todos sabemos que um corpo sem alma é um corpo inerte, sem vida... Morto.
Todas as partes de um corpo são importantes, porém a alma deve ser cuidada com muito esmero para que tenha vida eterna. Assim devemos cuidar muito bem dos nossos alunos, principalmente daqueles que têm mais dificuldades, para que usufruam de vida longa, plena de realizações.
O trabalho que a escola deve desenvolver, por meio de toda equipe escolar, principalmente em relação aos alunos que apresentam alguma dificuldade em sua aprendizagem tem que ser realizado imediatamente ao ser constatado o problema.
Somos todos parecidos, mas não somos iguais. Por isso o nosso tratamento deve ser diferenciado. Quantas pessoas têm dificuldades em determinado assunto e são exímias em outros, portanto, devemos conhecer muito bem os nossos alunos para podermos encaminhá-los melhor em seu desenvolvimento educacional.
Nossas escolas não podem ser consideradas indústrias e nossos docentes e responsáveis pela educação, operários. Nossos alunos não são produtos que devam caminhar na linha de produção e saírem “acabados” enquanto aquele que possui algum defeito deva, simplesmente, ser retirado para não atrapalhar a qualidade dos outros.
A dedicação, o respeito, o amor pelo trabalho educativo traz sempre ao educador uma satisfação pessoal que não pode ser comprada por nenhum dinheiro do mundo.
Por que aquela professora pode dedicar-se de corpo e alma a ensinar uma criança deficiente a vestir o calção e nós não procuramos um caminho mais eficiente para ensinar nossas crianças que são consideradas normais?
O professor deve criar, em sala de aula, um ambiente estimulante e saudável e ao mesmo tempo manter uma condição de trabalho propícia à atenção, concentração e reflexão.
A aprendizagem mais efetiva ocorre quando o aluno está interessado e deseja aprender. Podemos tentar forçar um aluno a aprender, porém isso não se efetiva porque ele só aprende se estiver interessado e se quiser.
Aprender é uma tarefa árdua, na qual se convive o tempo inteiro com o que ainda não é conhecido. Para o sucesso da empreitada, é fundamental que exista uma relação de confiança e respeito mútuo entre o professor e o aluno, de maneira que a situação escolar possa dar conta de todas as questões de ordem afetiva.
O professor que não sensibiliza o aluno para a aprendizagem estará malhando em ferro frio.
A motivação, portanto, consiste em orientar a aprendizagem de tal maneira que, satisfazendo a uma necessidade do aluno, ela se torne interessante, espontânea e agradável.
O aluno só aprende aquilo que o interessa. Portanto, a preocupação maior do professor deve ser descobrir os meios e criar um ambiente favorável para a eclosão dos interesses.
Para ensinarmos, eficiente e satisfatoriamente, devemos fazer com que o aluno queira aprender.
O professor que reconhece esses motivos, desejos e emoções que influenciam o comportamento humano, não somente entende como as pessoas agem, mas também sabe como conseguir os melhores resultados dos seus alunos.
Não existe nenhum outro lugar em que as diferenças individuais sejam mais evidentes do que na sala de aula. Por esse motivo, todo bom professor deve conhecer bem os seus alunos para poder adaptar o nível de informações que será dado a todo o grupo.
As pessoas são diferentes física e mentalmente. Mas todas elas, devagar ou rapidamente, têm capacidade para aprender. Muito ou pouco, só saberemos depois. Todos podem aprender. Nós, professores, de uma forma ou de outra, temos obrigação de ensiná-los. Com apoio de recursos ou de outros profissionais podemos facilitar a vida dos nossos alunos e possibilitar-lhes a sua realização pessoal. Nesta profissão, a incompetência altera os destinos das pessoas.
É fundamental criar todo tipo de incentivo e retirar todo tipo de obstáculo para que os alunos permaneçam no sistema escolar. O momento que vive a educação brasileira nunca foi tão propício para se pensar na situação das nossas crianças e jovens em uma perspectiva mais ampla.
Por esse motivo, tenho afirmado que a escola tem que ser um lugar agradável, onde alunos e professores devem caminhar, de mãos dadas, rumo ao conhecimento.
Os alunos vão à escola para aprender. Facilite-lhes o aprendizado e eles lhes serão gratos para sempre.
A grande missão do professor é educar. Sabemos que não são fáceis os caminhos da educação. E, quando o educador consegue, por meio do esforço constante, ultrapassar as limitações humanas pode ser chamado de Mestre.
Mestre é efetivamente aquele que é mais que os demais: mais sábio e justo; maior: moral, intelectual e espiritualmente.
Ser Mestre é para o educador a suprema conquista.

                                   (DO LIVRO: A ARTE DE ENSINAR E APRENDER)

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